Os problemas humanos ou desafios
existenciais fazem parte do organograma da evolução.
A criatura pensante é um ser
incompleto ainda, em constante processo de aprimoramento, de transformações,
em prolongado esforço para desenvolver os potenciais psicofísicos,
parapsicológicos e mediúnicos nela em latência.
Aferrada às impressões mais
grosseiras do ego, face ao que considera como fatores indispensáveis à
sobrevivência — valores materiais que propiciam alimentação, vestuário,
repouso, prazer e tranqüilidade ante a doença e a velhice — desenvolve o apego
e exterioriza o sentimento centralizador da posse, mantendo-se em alerta para
a preservação desses bens, que lhe parecem de significado único, portanto,
essenciais.
Qualquer ameaça, real ou imaginária,
que possa produzir a perda, torna-se problema, que logo se incorpora à
conduta, gerando perturbação, desar.
Além desses, outros (problemas) há
de natureza psicológica, como heranças reencarnacionistas, que ressumam em
forma de fenômenos patológicos, inquietadores.
Somem-se-lhes os que se derivam do
inseguro inter-relacionamento pessoal, como decorrencia do que se consigna em
condição de imperfeições da alma.
Os problemas enraízam-se, não raro,
nos tecidos da malha delicada do psiquismo, avultando-se ou perdendo o
sentido, de acordo com as resistências fortes ou frágeis da personalidade
individual.
O que a uns constitui gravame,
aborrecimento, a outros não passa de insignificante acidente de percurso que estimula a marcha.
Quanto mais se valoriza o problema,
mais vitalidade se lhe oferece, aumentando-lhe a força de ação com os seus
correspondentes efeitos.
Nas personalidades instáveis,
normalmente os complexos psicológicos assumem as responsabilidades pelas
ocorrências problematizantes.
Quando algo em que se confia, ou do
qual se espera resultado positivo, transforma-se em desastre, insucesso, o ego
foge, escamoteia-o, por falta de consciência lúcida, afirmando: Eu sou culpado.
A inferioridade psicológica
desenvolve o complexo em que se refugia, e, mesmo quando em aparente conflito,
nele se realiza, justifica-se, deixa de lutar.
Certamente, cada problema merece um
tipo de atenção, de cuidado especial para a sua solução. Esse esforço deve ser
natural, destituído dos estímulos negativos do medo ou da ansiedade, de modo a
analisar a situação conforme se apresente, e não consoante os fantasmas da insegurança desenhem na
imaginação criativa — refúgio para a irresponsabilidade que não assume o papel
que lhe diz respeito.
Em outros temperamentos, quando o
problema se converte em dificuldade e ocorrência prejudicial, o ego estabelece:
A culpa é do outro; ou da saúde; ou da
família; ou do grupo social; ou da sociedade em geral, ou do destino...
Resolve-se a questão utilizando-se
do complexo de superioridade, e mediante esta conduta coloca-se acima de
qualquer suspeita de fragilidade, escondendo-se nas justificativas de
incompreendido, perseguido, infeliz...
Evitando considerar o problema na
sua real significação, passado o momento, compõe a consciência de culpa e esse mesmo ego recorre à condicional dos
verbos, afligindo-se: Eu deveria ter
feito de tal forma; eu poderia ter
enfrentado; eu tentaria evitar...
Mecanismos perversos de imaturidade
compõem a tecedura protetora do escapismo, para fugir das conseqüências dos
problemas, cuja finalidade é testar as possibilidades e valores de cada uma em
particular e de todas as criaturas em geral.
O problema humano, portanto, maior e
mais urgente para ser eqüacionado, é a própria criatura.
Para consegui-lo, mister se torna o
amadurecimento psicológico, decorrente do esforço sério e bem direcionado, do
estudo do eu profundo e da sua busca incessante, que são as metas existenciais
mais urgentes.
Na transitoriedade da condição
humana, o eu profundo deve emergir, desatando os inestimáveis recursos que
lhe são inatos, graças aos quais o psiquismo comanda conscientemente a vida,
abrindo o leque imenso das percepções paranormais.
Nesse elenco de registros
parapsíquicos desabrocham os recursos mediúnicos que propiciam o livre
trânsito entre as duas esferas da vida: a física e a espiritual.
Essa dilatação da capacidade
parafísica propicia o mergulho do eu profundo — o Espírito — na causalidade
dos fenômenos humanos, assim interpretando, na origem, os problemas que sempre
procedem das experiências anteriores.
Mesmo quando são atuais e começaram
recentemente, o ser que os enfrenta necessita deles, recuperando-se
moralmente, trabalhando o amadurecimento, porquanto, o estado de infância
psicológica decorre da ausência de realizações evolutivas.
Ninguém permanece vivo sem o
enfrentamento com os problemas, que existem para ser resolvidos, oferecendo o
saldo positivo de evolução.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
Um comentário:
Denise. Um ponto desse excelente texto me tocou pór estar continuamente ouvindo esse problema.
Quanto mais se valoriza um problema que temos maior se torna.
Obrigada pela visita,amiga.
Beijos e Paz Profunda.
Donetzka
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