Muito natural o nosso
desejo de preparar dias melhores para nós e a nossa família, bem assim as lutas
a que nos entregamos e os sacrifícios que nos impomos, visando a tal objetivo.
Todavia, é preciso que essa preocupação pelo futuro não ultrapasse os limites
do razoável, para que não se converta em obsessão.
A
recreação, por outro lado, é uma exigência de nossos espírito, e os
entretenimentos ocasionais valem por excelentes fatores de higiene mental.
Infelizes, no entanto, os que, seduzidos pelas emoções de uma partida de
baralho ou de víspora, pelo lucro fácil de um lance na roleta, ou quejandos, se
deixem dominar pelo jogo! A desgraça não tardará a abatê-los, como abatidos tem
sido todos quantos se escravizam a essa terrível viciação.
Calor
excessivo ou frio intenso podem forçar-nos , vez por outra, a um refrigerante
gelado ou a uma dose alcoólica, com o que nos dessedentamos, ou nos
reconfortamos gostosamente. Mas todo cuidado será ouço para não descambarmos
para a bebedice, pois seus malefícios, provam-no as estatísticas, assumem
características de verdadeiro flagelo social.
Todos
nós sentimos necessidade de dar e receber carinho, já que ninguém consegue ser
feliz sem isso. É de todo conveniente, entretanto, repartir nosso afeto com os
que pertencem ao nosso afeto com os que pertencem ao nosso círculo familiar,
estendê-lo a amigos e outros semelhantes, evitando concentrá-lo em uma só
pessoa, fazendo depender unicamente dela o nosso interesse pela vida, pois, ao
perder esse alguém, poderemos sofrer um golpe doloroso demais para ser
suportado sem perda do equilíbrio espiritual.
Não
há quem não deseje autoafirmar-se, mediante a realização de algo que
corresponda às suas tendências dominantes, e daí porque alguns se atiram, com
inusitado entusiasmo, a determinados estudos, outros se empolgam na procura ou no apuramento de uma nova técnica
com que sonham projetar-se na especialidade de sua predileção, e outros ainda
descuidam de tudo e de todos para devotar-se, inteiramente, às atividades
artísticas ou científicas que os abrasam. Importa, porém, acautelar-nos com o
perigo do monoideísmo, responsável por neuroses ou insânias de difícil
recuperação.
Como
se vê, o princípio das paixões nada tem de mau, visto que assenta numa das
condições providenciais de nossa existência, podendo inclusive, em certos casos
e enquanto governadas, levar o homem a feitos nobilitantes.
Todo
mal reside no abuso que delas se faz.
Urge,
portanto, que, na procura do melhor, do que nos traga maior soma de gozo,
aprendamos a respeitar as leis da vida, para que elas, inexoráveis como são,
não se voltem contra nós, compelindo-nos a penosos processos de reajuste e
reequilíbrio.
Do Livro: As Leis Morais – Rodolfo Calligaris
Um comentário:
Carinho tem que ser divido mesmo,amiga Denise.
Pode_se tê-lo também por quem estamos apaixonadas (os).Aliás,creio ser fundamental.
Lindo texto.
Bjs e uma semana de Paz!
Donetzka
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