A felicidade foi, é e
será sempre a maior e a mais profunda aspiração do homem.
Ninguém
há que não deseje conquistá-la, tê-la como companheira inseparável de sua
existência.
Raros,
no entanto, aqueles que a tem conseguido.
É
que grande parte dos terrícolas, não se conhecendo a si mesmos, quais imagem e
semelhança de Deus, e ignorando os altos destinos para que foram criados, não
compreendem ainda que a verdadeira felicidade na consiste na posse nem no
desfrute de algo que o mundo nos possa dar e que, em nos sendo negado ou
retirado, nos torna infelizes.
Com
efeito, aquilo que venha de fora ou
dependa de outrem (bens materiais, poder, fama, glória, comprazimento dos
sentidos, etc.) é precário, instável, contingente. Não nos pode oferecer, por
conseguinte, nenhuma garantia de continuidade. Além disso, conduz fatalmente à
desilusão, ao fastio, à vacuidade.
O
reino dos céus está dentro de vós, proclamou Jesus.
Importa,
então, que cultivemos nossa alma, a pérola de subido preço de que nos fala a
parábola, e cuja aquisição compensa o sacrifício de todos os tesouros de menor
valor a que nos temos apegado, porquanto é na auto-realização espiritual, no
aprimoramento de nosso próprio ser, que haveremos de encontrar a plenitude da
paz e da alegria com que sonhamos.
Tanto
aqui na Terra como no outro lado da vida, a felicidade é inerente e
proporcional ao grau de pureza e de progresso moral de cada um.
Toda
imperfeição – di-lo Kardec – é causa de sofrimento e de privação de gozo, do
mesmo modo que toda perfeição adquirida é fonte de gozo e atenuante de
sofrimentos. Não há uma só ação, um só pensamento mau que não acarrete funestas
e inevitáveis conseqüências, como não há uma só qualidade boa que se perca.
Destarte, a alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que a que
tem três ou quatro; e quando dessas dez imperfeições não lhe restar mais que
metade ou um quarto, menos sofrerá. De todo extintas, a alma será perfeitamente
feliz.
Pela
natureza dos seus sofrimentos e vicissitudes na vida corpórea, pode cada qual
conhecera a natureza das fraquezas e mazelas de que se ressente e,
conhecendo-as, esforçar-se no sentido de vencê-las, caminhando, assim, para a
felicidade completa reservada aos justos.
É
verdade que esse autoconhecimento não é muito fácil, já que nosso amor-próprio
sempre atenua as faltas que cometemos, tornando-as desculpáveis, assim como
rotula como qualidades meritórias o que não passa de vícios e paixões.
Urge,
porém, que aprendamos a ser sinceros com nós mesmos e procuremos aquilatar o
real valor de nossas ações, indagando-nos como as qualificaríamos se praticadas
por outrem.
Se
forem censuráveis em outra pessoa, também o serão em nós, eis que Deus não usa
de duas medidas na aplicação de Sua justiça.
Será
útil conhecermos, igualmente, qual o juízo que delas fazem os outros,
principalmente aqueles que não pertencem ao círculo de nossas amizades, porque,
livres de qualquer constrangimento, podem estes expressar-se com mais
franqueza.
(continua)
(continua)
Do Livro: As Leis Morais – Rodolfo Calligaris
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