A introspecção ajuda-o, por ser o processo de conduzir a
atenção para dentro, para a análise das possibilidades íntimas, para a
reflexão do conteúdo emocional e a meditação que lhe desenvolva as forças
latentes. Desse modo, não pode afastar o homem para lugares especiais, ou favorecer comportamentos exóticos, desligando-se
do mundo objetivo e caindo em alienação.
Vivendo-se no mundo, torna-se inevitável vencer-lhe os
impositivos negativos, tempestuosos das pressões esmagadoras. Diante dos seus
desafios, enfrentá-los com natural disposição de luta, não alterando o comportamento,
nem o deixando estiolar-se.
É muito comum a atitude apressada de viver-se emocionalmente acontecimentos
futuros que certamente não se darão, ou que ocorrerão de forma diversa da que
a ansiedade estabelece. As impressões do futuro, como conseqüência de tal
conduta, antecipam-se, afligindo, sem que o indivíduo viva as realidades do
presente, confortadoras.
Para esta conduta ansiosa Jesus recomendava que “a cada
dia baste a sua aflição”, favorecendo o ser com o equilíbrio para manter-se diante
de cada hora e fruí-la conforme se apresente.
A introspecção cria o clima de segurança emocional para a
realização de cada ação de uma vez e a vivência de cada minuto no seu tempo
próprio. Ajuda a manter a calma e a valorizar a sucessão das horas. O homem
introspectivo, todavia, não se identifica pela carranca, pela severidade do
olhar, pela distância da realidade, tampouco pela falsa superioridade em
relação às outras pessoas.
Tais posturas são formalistas, que denunciam preocupação
com o exterior sem contribuição íntimo-transformadora. Antes, surge com
peculiar luminosidade na face e no olhar, comedido ou atuando conforme o
momento, porem sem perturbar-se ou perturbar, transmitindo serenidade,
confiança e vigor. A introspecção torna-se um ato saudável, não um vício ou
evasão da realidade.
À medida que o homem se penetra, mais amadurece psicologicamente,
saindo da proteção fictícia em que se esconde — dependência da mãe, da infância, do medo, da ansiedade, do ódio
e do ressentimento, da solidão — para assumir a sua identidade, a sua
humanidade.
As ações humanistas são o passo que desvela a consciência
ética no indivíduo que já não se contenta com a experiência do prazer pessoal,
egoísta, dando-se conta das necessidades que lhe vigem em volta, aguardando a
sua contribuição.
Paira nele uma compreensão dos reais valores, que o
propele a avançar sem timidez, sem pressa, sem temor. A sua se transforma em
uma existência útil para o meio social, tornando-se parte ativa da comunidade
que passa a servir, sem autoritarismo nem prejuízo emocional para si mesmo ou
para o grupo.
A consciência ética é a conquista da iluminação, da lucidez
intelecto-moral, do dever solidário e humano. Ela proporciona uma criatividade
construtiva ilimitada, que conduz à santificação, na fé e na religião; ao
heroísmo, na luta cotidiana e nas batalhas profissionais; ao apogeu, na arte,
na ciência, na filosofia, pelo empenho que enseja em favor de uma plena identificação
com o ideal esposado.
Do livro: O Homem
Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
2 comentários:
Amiga Denise, passando por aqui para aprender com teu post.
Um abraço. Tenhas um lindo fim de semana.
Está comum atualmente, dizer-se que o homem está "mais animal que os animais", mas isso não tem razão de ser. O animal não tem esse princípio a que chamamos consciência, pelo menos, não desenvolvido ao ponto do que tem o homem.
Quando o homem se brutaliza e mostra um compartamento que rivaliza o dos animais, não deixa de ter consciência, apenas, momentaneamente, deixa que os instintos a sobrepujem. Mas ela voltará ao comando e, com ela, as consequências, pois que a responsabilidade sobre seus atos não é algo passageiro: O homem chegou a um estágio em que esta já faz parte do seu ser.
Que a ética domine, cada vez mais esta consciência, é a nossa meta.
Beijos.
Postar um comentário