São as substâncias que respondem
pelo comportamento do ser, propiciando-lhe liberdade ou escravidão e dando
nascimento ao eu.
Numa pessoa média, portadora de
consciência, sem a nobre conquista do discernimento e da vivência compatível,
a ilusão e os engodos se estruturam, passando à posição das realidades únicas,
que ignoram, por efeito, a legítima Realidade.
Essa deturpação psicológica
proporcionada pelo ego, que se entorpece e se engana, contribui para as
experiências utópicas e alienadoras, que lhe alteram a conduta, produzindo
estados profundamente perturbadores.
O hábito e o cultivo dos pensamentos
viciosos, de qualquer natureza, tornam-se as substâncias que formam a
personalidade doentia, que se adapta aos fatores dissolventes, rompendo a
linha do equilíbrio e do discernimento, empurrando para o trânsito pela senda
da irrealidade.
Sem dúvida, a pessoa portadora de
substâncias fragmentadoras move-se em um verdadeiro nevoeiro, que é mais compacto ou mais sutil, conforme as
fixações, os vícios a que se aferra.
Identificando-se com as idéias que
lhe são convenientes — algumas de procedência psicopatológica — adapta-se-lhes
e incorpora-as, deformando a personalidade, e esta irrealidade termina por
afetar-lhe a individualidade, caso não se resolva pela psicoterapia específica
e urgente.
Expressam-se essas identificações
nas áreas fisiológicas — como sensações — e psicológica — como emoções.
Toda vez que a pessoa tenta a
conscientização íntima, o encontro com o Eu profundo, a busca interior, as
sensações predominantes nas paisagens físicas perturbam-lhe a decisão,
impedindo a experiência. São sensações visuais, gustativas, olfativas,
auditivas, tácteis, com as quais convive em regime de escravidão, e que assomam
no silêncio, na concentração, ocupando o espaço mental, desviando a atenção da
meta que busca.
São ruídos externos que, em outras
circunstâncias, não são percebidos; imagens visuais arquivadas, aparentemente
esquecidas; olfação excitada, que provoca o apetite; coceiras e comichões que
surgem, simultâneos, em várias partes do corpo; salivação e desejo de
alimentar-se, tomando os centros de interesse e desviando-os da finalidade
libertadora.
Por outro lado, nos tentames do
silêncio interior para reequilíbrio da personalidade, as sensações produzem
associações de idéias que levam a evocações insensatas.
Música e perfume retornam à
sensibilidade orgânica e induzem a recordações atribuladoras, com lamentáveis
anseios de repeti-las e frui-las novamente.
A mente viciada e o corpo acomodado
dificultam o despertar da consciência para a lucidez.
A atividade de desidentificação, por
isso mesmo, torna-se urgente.
Mediante a mudança dos hábitos
mentais, do cultivo das idéias — substituindo as perturbadoras por outras
saudáveis, já que todo espaço deve ser preenchido — do exercício disciplinado
dos pensamentos, passando à alteração dos prazeres e gozos ilusórios que devem
ceder lugar àqueles que se expressam como manifestação da Realidade
plenificadora, ocorrerá a libertação dos vícios e fixações, desidentificando-se
da conduta tormentosa.
Como envoltórios concêntricos que
asfixiam as irradiações do Eu real, as identificações deverão ser liberadas de
dentro para fora, portanto, da essência para a substância.
A medida que a consciência se
desenovela dos impedimentos psíquicos, mais amplas descobertas são logradas nas
áreas das identificações, que passam a ser diluídas, permitindo-a fulgir qual
estrela poderosa no velário da noite transparente.
A consciência desidentificada com a
personalidade fragmentada, enfermiça, proporciona bem-estar.
Essa conquista, a da consciência
plena, faculta alegria. Como conseqüência, o silêncio interior consciente,
responsável pela saúde psíquica e emocional, predispõe o ser ao crescimento das
aspirações e ao esforço dos ideais de enobrecimento.
Nessa fase de desidentificação e
lucidez plena, a consciência predispõe-se à conquista do estágio mais elevado,
pelo menos na área humana, que é a sua harmonização total com a de natureza
Cósmica.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de
Ângelis
Um comentário:
Passando por aqui para beber junto a fonte do aprendizado.
Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma boa noite.
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