Eu tenho um hábito de recolher animais que vejo na rua,
moro em um apartamento pequeno e os vizinhos reclamam do barulho que fazem, mas
não consigo deixar de cuidar deles quando vejo algum animal perdido. Será que
isso é normal? Será que sou maluca?
As pessoas que alcançaram o
entendimento de que os animais são seres que pensam, sentem e sofrem, desejam
profundamente tirá-los de situações de sofrimento, pois são capazes de se verem
no lugar deles e gostariam que todos sentissem o mesmo que ela. No entanto, nem
todos tem esta sensibilidade e compaixão pelos animais, por isso não
compartilham do mesmo ponto de vista. Ao contrário do que gostaríamos e
esperamos das pessoas, alguns agem de modo crítico, classificando os que agem
em favor dos animais como desequilibrados mentais ou fanáticos ou outras
classificações pejorativas. Entretanto, essa compaixão não deve ser o objetivo
de vida da pessoa, pois nosso mundo é imperfeito e não deve ser corrigido por
uma única pessoa. Não podemos consertar o mundo, que nós mesmos deixamos assim.
Se fizermos o que estiver dentro de nossos limites e possibilidades, que não
causem desequilíbrios emocionais reais ou problemas com os familiares,
estaremos fazendo bastante. Vivemos neste mundo onde o amor ao próximo está em
via de se consolidar, requer ainda que os exemplos sejam o motor que fará com
que as pessoas acordem para essa realidade, mas o exemplo precisa ser
necessariamente de equilíbrio. Se nos tornarmos recolhedores compulsivos de animais
que encontram os nas ruas, certamente não seremos bons exemplos às pessoas que
talvez tenham o potencial para nos seguir.
Isso vale não somente em relação ao
assunto que discorremos, mas em relação a tudo na vida, pois o equilíbrio de
pensamentos e atos é de importância vital. Todos os excessos são prejudiciais.
Podemos dizer que colher animais abandonados é um ato louvável, mas desde que
se faça de modo consciente e dentro do limite de nossas possibilidades.
Fonte: A
Espiritualidade dos Animais – Marcel Benedeti
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