Quanto aos suicidas, a perturbação em
que se encontram mergulhados após a morte é profunda, terrível, dolorosa. A
angústia os oprime e os segue até sua reencarnação seguinte. Seu gesto
criminoso causa ao corpo fluídico, o perispírito, um abalo violento e
prolongado, que será transmitido ao organismo carnal no renascimento. A maior
parte deles volta enferma à Terra. Estando a vida no suicida em toda a sua
força, o ato brutal que a despedaça produzirá longas repercussões em seu estado
vibratório e determinará doenças ou desequilíbrios nervosos em suas futuras vidas terrestres.
O suicida procura o nada e o
esquecimento de todas as coisas, mas se defronta, ao contrário, em face de sua
consciência, na qual permanece gravada, para todo o sempre, a lembrança lastimável
de ter fugido do combate da vida. A prova mais dura, o sofrimento mais cruel
que haja na Terra, é preferível a essa perpétua mancha da alma, à vergonha de
não poder mais se prezar.
A destruição violenta de recursos
físicos que ainda lhe poderiam ser úteis e até mesmo fecundos não livra o
suicida das provas de que quis fugir, porque ele terá que reatar a cadeia
quebrada de suas existências e tornar a passar pela série inevitável das
provas, agravadas por atos e conseqüências que ele mesmo causou.
Os motivos do suicídio são de ordem
passageira e humana; as razões de viver são de ordem eterna e sobre-humana.
O conhecimento que pudemos adquirir
das condições da vida futura exerce uma grande influência sobre nossos últimos
momentos. Ele nos dá mais segurança; abrevia a separação da alma.
Para se preparar utilmente para a vida
do além, é preciso não apenas estar
convencido de sua realidade, mas também compreender suas
leis, ver com o
pensamento as vantagens e as conseqüências de nossos
esforços para o ideal moral. Nossos estudos psíquicos, as relações
estabelecidas durante a vida com o mundo invisível, nossas aspirações a modos
de existência mais elevados desenvolvem nossas faculdades adormecidas e, quando
chega a hora definitiva, estando a separação corporal já em parte efetuada, a
perturbação tem pouca duração. O espírito se reconhece rapidamente; tudo o que
vê lhe é familiar; adapta-se sem esforço e sem emoção às condições de seu novo meio.
Quando se aproxima a hora derradeira,
os moribundos muitas vezes entram em posse de seus sentidos psíquicos e
percebem os seres e as coisas do invisível.
Em resumo, o melhor meio de
garantirmos uma morte suave e tranqüila é viver dignamente, com simplicidade e
sobriedade, com uma vida sem vícios nem fraquezas, desligando-nos antecipadamente
de tudo o que nos prende à matéria, idealizando nossa existência, povoando-a com pensamentos elevados e
com ações nobres.
O mesmo acontece com as condições boas
ou ruins da vida de além-túmulo. Elas também dependem unicamente da maneira pela
qual desenvolvemos nossas tendências, nossos apetites, nossos desejos. É no
presente que é preciso se preparar, agir, se reformar, e não no momento em que
se aproxima o fim terrestre.
Não temos outro juiz ou algoz no
além-túmulo a não ser a nossa própria consciência. Livres dos obstáculos
terrestres, ela adquire um grau de importância difícil de ser compreendido por nós.
Muitas vezes adormecida durante a vida, ela acorda com a morte e sua voz se
eleva; evoca as lembranças do passado; livres de qualquer ilusão, aparecem-lhe
sob sua verdadeira luz, e nossas menores faltas tornam-se causa de lamentações.
Fonte: O
PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR
LÉON DENIS
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