Por desinformação ou fruto de um contexto imediatista consumista,
elaborou-se a tese de que a segurança pessoal é o resultado do ter, que se manifesta pelo poder e recebe a resposta na forma
de parecer. Todos os mecanismos
responsáveis pelo homem e sua sobrevivencia se estribam nessas propostas
falsas, formando uma sociedade de forma, sem profundidade, de apresentação,
sem estrutura psicológica nem equilíbrio moral.
O homem deve ser educado para conviver consigo próprio,
com a sua solidão, com os seus momentâneos limites e ansiedades,
administrando-os em proveito pessoal, de modo a poder compartir emoções e
reparti-las, distribuir conquistas, ceder espaços, quando convidado à
participação em outras vidas, ou pessoas outras vierem envolver-se na sua área
emocional.
As uniões fraternais então se desarticulam, as afetivas
se convertem em guerras surdas, o matrimônio naufraga, o relacionamento social
sucumbe disfarçado nos encontros da balbúrdia, da extravagância, dos exageros
alcoólicos, tóxicos, orgíacos, em mecanismos de fuga da realidade de cada um.
A educação, a psicoterapia, a metodologia da convivência
humana devem estruturar-se em uma consciência
de ser, antes de ter; de
ser, ao invés de poder, de ser, embora sem a preocupação de parecer.
O que o homem é, suas realizações íntimas, sua capacidade
de compreender-se, às pessoas e ao mundo, sua riqueza emocional e idealística,
estruturam-no para os embates, que fazem parte do seu modus vivendi e operandi, neste processo incessante de
crescimento e cristificação.
A coragem para os enfrentamentos, sem violência ou recuos,
capacita-o para os logros transformadores do ambiente social, que deslocará
para o passado a ocorrência das crises de comportamento, iniciando-se a era de
construção ideal e de reconstrução ética, jamais vivida antes na sua legitimidade.
A segurança íntima conseguida mediante o autodescobrimento,
a humanização e a finalidade nobre que se deve imprimir à vida são fatores
decisivos para a eliminação das crises, porqüanto, afinal, a descrença que
campeia e o desconcerto que se generaliza são defluentes do homem moderno que
se encontra em crise momentânea, vitimado pela insegurança que o aturde.
Do livro: O Homem
Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
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