No entanto, a prece ansiosa, maquinalmente decorada,
não refletida, carente de emoção, não atingirá seus objetivos; digamos, não
chegará a quem se destina.
A prece não muda os principais lances da vida do
homem, não altera as provas por que tenha de passar, no entanto, pode
abrandá-las; pode redobrar as forças interiores de resistência do indivíduo,
fazendo-o encarar situações graves ou contrárias de forma mais equilibrada e
racional. Além disso, o feliz hábito de orar metaboliza as energias da calma,
da paciência e também da esperança.
Embora ninguém fique sem auxílio, sem o amparo das
leis divinas, a prece eventual não imuniza a pessoa das dificuldades do dia,
como se apertasse um botão. Segundo o que ensina o espiritismo, a justiça de
Deus leva em extrema conta a intenção e o mérito de quem pede, em oração. Os
espíritos encarregados do cumprimento das Suas ordens, se chegarem a receber a
solicitação, podem não atender ao que a pessoa
esteja pedindo no momento, mas não negam a análise instantânea da sua
situação e possíveis medidas posteriores. Em muitas circunstâncias,
determinadas experiências são necessárias para o seu aprendizado e os espíritos
não julgam útil favorecê-la, a fim de não interferir no curso normal das provas
que poderão beneficiá-la.
Assim, a prece deve ser compreendida como uma busca,
não de solução imediata para problemas e situações, mas de forças de renovação;
um contato com energias superiores na procura de inspiração para a vida
interior e de relação com o mundo.
Quando se faz um pedido a Deus, o seu atendimento
estará automaticamente ligado ao mérito e à necessidade de cada um. Deus sabe
de que precisamos e atenderá sempre, com justiça, ao que for devido e
imprescindível à criatura.
Cláudio Bueno da Silva
Extraído do Jornal
Espiritismo Estudado – 05/2012
Um comentário:
Engraçado isso, como os conceitos variam e terminam por se encontrar.
Clãudio fala em prece no conceito espírita, naturalmente, englobando todas as orações e modos de orar.
Já eu sempre faço distinção (teórica, claro), separando oração que o católico normalmente chama de 'reza', como "reza". Esta é a prece "ansiosa, maquinalmente decorada, não refletida, carente de emoção" a que o Cláudio se refere.
Por isso, pra mim (conceito íntimo), qualquer forma de prece é prece, como na música do Mílton: "Qualquer maneira de amor vale a pena".
Questão de palavras.
Beijos.
Postar um comentário