O estado de saúde resulta da harmonia de três fatores
essenciais, a saber: bem-estar psicológico, equilíbrio orgânico e satisfação econômica,
assim contribuindo para uma situação saudável do indivíduo.
Num período de transição e mudança brusca da escala dos
valores convencionais, com a inevitável irrupção dos excessos geradores da
anarquia, a saúde tende a ceder espaço a conflitos emocionais, desordens
orgânicas e dificuldades econômicas, propiciando o surgimento de patologias complexas
no homem.
A sociedade enferma perturba-o, e este, desajustado, piora
o estado geral do grupo.
O sentido de dignidade pessoal, nesta situação, é substituído
pela astúcia e pelo prazer, proporcionando distonias emocionais que facultam a
instalação de enfermidades orgânicas de variada procedência.
Abstraindo-se destas últimas, aquelas que são originadas
por germes, bacilos, vírus e traumatismos, multiplicam-se as de ordem
psicológica, que se avolumam nos dias atuais.
O homem teima por ignorar-se. Assume atitudes contraditórias,
vivendo comportamentos estranhos. Prefere deixar que os acontecimentos tenham
curso, às vezes, desastroso, a conduzi-los de forma consciente.
Os dias se sucedem, sem que ele dê-se conta das suas
responsabilidades ou frua dos seus benefícios em uma atitude lúcida,
perfeitamente compatível com as conquistas contemporâneas.
Surpreendido, no entanto, pela doença e pela morte, desperta
assustado, sem haver vivido, estranhando-se a si mesmo e descobrindo
tardiamente que não se conhecia. Foi um estranho, durante toda a existência,
inclusive, a ele próprio.
A saúde, entretanto, fá-lo participativo, membro atuante
do grupo social, desperto e responsável na luta com que se enriquece de beleza
e alegria, assumindo posições de vigor e segurança íntima, que lhe constituem
prêmio ao esforço desenvolvido.
A falta de saúde, que se generaliza, conduz a mente lúcida
a um diagnóstico pessimista, o que não significa ser desesperador.
Em tal situação, por falta de outra alternativa, o homem
enfrenta a dificuldade, por ser pensante, e altera o quadro, impulsionado ao
avanço, a aceitar os desafios.
Deixa de fugir da sua realidade, descobre-se e trabalha
para alcançar etapas mais lúcidas no seu desenvolvimento emocional, pessoal.
Quem se resolve, porém, pela submissão autodestrutiva,
não merece o envolvimento respeitoso de que todos são credores diante dos
combatentes, porquanto, deixando de investir esforços, abandona a sua
dignidade de ser humano e prefere o esfacelamento das suas possibilidades como
sendo o seu agradável estado de saúde,
certamente patológico.
A saúde produz para o bem e para o progresso da sociedade,
sem compaixão pelos mecanismos de evasão e pieguismos comportamentais
vigentes.
Realizadora, propele a vida para as suas cumeadas e vitórias,
sem parada nas baixadas desanimadoras.
Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
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