No entanto, é importante não confundirmos preocupação
com prudência ou cautela. A previdência e o planejamento, para que possamos atingir
um futuro promissor, são desejos naturais dos homens de bom senso.
Na realidade, preocupação que dizer aflição e
imobilização do presente por causa de um suposto fato que poderá acontecer, ou
ainda uma suspeita de que uma decisão poderá causar ruína ou perda.
A preocupação excessiva com fatos em geral e com o
bem estar das pessoas está alicerçada, em muitas ocasiões, em um mecanismo
psicológico chamado autodistração.
Os preocupados tem dificuldade e concentração no
momento presente e, por isso, fazem com que a consciência se desvie do foco da
experiência para a periferia, isto é, vivem entorpecidos no hoje por quererem
controlar, com seus pensamentos e com sua imaginação, os fatos do amanhã.
Esse desvio da atenção é uma busca deliberada de
distração do indivíduo; é uma forma de impedir a si próprio de ver o que
precisa perceber em seu mundo interior.
Quando dizemos que nos preocupamos com os outros,
quase sempre estamos nos abstraindo:
- as atitudes que não temos coragem de tomar;
- das responsabilidades que não queremos assumir;
- das carências afetivas que negamos a nós mesmos;
- dos atos incoerentes que praticamos e não
admitimos;
- dos bloqueios mentais que possuímos e não
aceitamos.
Deslocamos todos os nossos esforços, atenção e
potencialidades para socorrer, proteger, salvar, convencer e aconselhar nossos
companheiros de viagem, olvidando muitas vezes, propositadamente ou não, nossa
primeira e mais importante tarefa na Terra: a nossa transformação interior.
(continua)
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
Um comentário:
Evidentemente, essa "preocupação com os outros" é a ingerência despropositada no livre arbítrio alheio, pois a preocupação em prover recursos aos irmãos de existência é uma atividade instrutiva.
Beijos.
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