As distrações habilmente se disfarçam, justificando trabalho
exaustivo, repouso demorado, conversações prolongadas, caminhadas e ginásticas
que consomem horas, e que, não obstante úteis, desviam da meta essencial que é
o despertamento de si mesmo.
Há uma generalizada preferência
humana pelas distrações, pela fuga da realidade, consumindo-se tempo e saúde no
secundário, com desconsideração ou por ignorância do essencial.
Lentamente, por processo de
saturação das distrações ou
pelo imperativo de novas reencarnações, o homem aspira à conquista de outros
níveis de consciência e emerge do sono, passando a identificar o atraso em que
se encontra, diante das infinitas possibilidades de que dispõe.
Altera-se-lhe então a visão para a
auto-identificação, entendendo que o largo período de sono é responsável pela
existência dos inúmeros conflitos que o aturdem, das contradições entre o que
pensa e o que faz, entre ao que aspira e o que realiza, mantendo a sensação
permanente de incompletude.
Quando anestesiado no nível de sono,
sente a mesma necessidade de completar-se, porém, identificando os meios para
o tentame, arroja-se mais nas experiências do instinto, frustrando-se e
sofrendo.
A razão propele-o para a tomada de
consciência e, nesse estado, à medida que se envolve na libertação das cargas
psicológicas opressoras, asfixiantes, passa a fruir emoções que o enlevam,
aumentando o número de vivências dos logros íntimos, que lhe constituem
degraus e patamares a galgar, tendo em mente o acume, que será a perfeita
conscientização de si mesmo.
Ser consciente significa estar
desperto, responsável, não-arrogante, não-submisso, livre de algemas, liberado
do passado e do futuro.
Cada momento atual é magno na vida
do homem consciente, e tudo quanto se propõe realizar, ao invés de tornar-se
desafio, é-lhe estímulo ao prosseguimento tranqüilo da iluminação interior.
Usa a inteligência e aplica o
sentimento em perfeita interação, avançando sempre, sem recuos nem amarguras.
Certamente experimenta as
contingências da vida social, dos prejuízos políticos, das injunções do corpo,
sem que tais ocorrências o desanimem ou o infelicitem.
Consciente desses fenômenos, mais se
afervora na busca da harmonia, conquistando novas áreas que antes permaneciam
desconhecidas.
Age sempre lúcido, e cada
compromisso que assume, dele se desincumbe em paz, sem a preocupação de
vitória exterior ou mesmo de superação.
A autoconquista é-lhe um crescimento
natural e não-perturbador, assinalado pelo aprofundamento da visão da vida,
totalmente diverso do comum, passando-a a transpessoal, portanto, espiritual.
Harmonizando aspirações e lutas,
buscas e realizações, o homem consciente vive integralmente todos os momentos,
todas as ações, todos os sentimentos, todas as aspirações.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de
Ângelis
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