Lentamente, os sentimentos se vão definindo no adolescente e ele
passa, através da socialização, a perceber o que lhe agrada aos sentidos e aquilo
que lhe embeleza a emoção, dando-lhe firmeza nas decisões, interesse nas definições
e eleição nos postulados que abraça, incluindo as pessoas que o cercam, que
constituem os grupos nos quais se movimenta.
Há inúmeras motivações para o amor, que atraem o jovem necessitado de
compreensão e de paciência, até o momento em que possa definir os rumos e
atividades a desenvolver, de forma a fixar as propostas do sentimento no íntimo,
sem perturbação nem ansiedade.
Os exemplos de abnegação na família, de desinteresse imediato quando se
ama, de dedicação aos valores de enobrecimento, aos esforços pela conquista
dos patamares elevados da nobreza e do caráter, constituem emulação
para o jovem resolver-se pela faculdade de amar, ao invés de hipertrofiar
esse sentimento nas baixas aspirações dos desejos infrenes e apaixonados
que geram dificuldades e escravidão.
O adolescente tem necessidade de ser aceito pelo grupo de companheiros,
falar-lhe o mesmo idioma, adotar os mesmos hábitos, participar dos
mesmos desportos, empreender as mesmas marchas, partilhar os mesmos valores,
as metas idênticas. Esse apelo surge naturalmente e ele é impelido ao meio
social quase que por instinto. Se for seguro emocionalmente, terá facilidade
de adaptação sem que sofra a influência determinante do conjunto, podendo
selecionar aquilo que lhe interessa, deixando de lado o que se lhe apresente
como destituído de valor. Se, todavia, sente-se desamado, preterido no
lar, prende-se ao novo clã, assumindo uma identidade desconfiada, agressiva
e violenta. Noutras vezes, por timidez, pode evitar a socialização e afastar-se,
alienando-se.
Quando vitalizado pelo amor da família, tem facilidade de
exteriorizar o mesmo
sentimento, tornando-se membro ativo e de significação no grupo, face à
empatia que desperta e provoca nos demais. Nessa fase, surge-lhe o que se denomina
estágio operacional formal, no qual começa a pensar abstratamente, a
formular raciocínios em torno do que poderá ser, ao invés de apenas estar como
se apresenta. Surge também o perigo do egocentrismo, quando o adolescente
começa a contestar os valores dos pais, da família, da sociedade, tornando-se
crítico contumaz de tudo quanto observa. Amadurecendo, passa para
o desenvolvimento cognitivo, que faculta a instalação do amor, que definirá
os rumos da sua identidade social e pessoal.
ADOLESCÊNCIA
E VIDA
DIVALDO
PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS
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