A transitoriedade da vida física responde pela morte
rápida da ilusão e pela destruição dos seus castelos, produzindo lamentáveis
estados emocionais naqueles que se lhes agarram com todas as veras. Logo
percebem-se de mãos vazias, sem qualquer base em que apóiem e firmem as
aspirações que acalentam.
As diversas enfermidades e as
variadas frustrações, que se radicam no ego, têm, porém, uma historiografia
muito larga, transcendendo a existência atual, remontando ao passado espiritual
do ser.
Não conhecendo a gênese das mesmas,
o indivíduo centraliza, nas necessidades de afirmação da personalidade, os
seus anseios, derrapando nas valas da projeção indébita do ego.
Quando não se consegue aparecer
através das realizações edificantes, mascara-se, e promove situações que
vitaliza no íntimo, desde que chame a atenção, faça-se notar.
Em alguns casos, vitimado por
conflitos rudes, elabora estados narcisistas e afoga-se na contemplação da própria imagem, em permanente
estado de alienação do mundo real e das pessoas que o cercam.
Patologicamente sente-se
inferiorizado, e oculta o drama interior partindo para o exibicionismo, como
mecanismo de fuga, sustentando-se em falsos pedestais que desmoronam e produzem
danos psicológicos irreparáveis.
A criatura que não se conhece,
atende ao ego, buscando tornar-se o centro das atenções mediante tricas e
malquerenças, que estabelece com rara habilidade, ou envolvendo-se nos mantos
que a tornam vítima, para, desse modo, inspirar simpatia, colimando o objetivo
de ser admirada, tida em alta conta.
Toda preocupação que se fixa,
conduzindo a autopromoção, constitui sinal de alarme, denunciando manifestação
dominadora do ego em desequilíbrio, que logo gerará problemas.
A conscientização da transitoriedade
da existência física conduz o ser ao cooperativismo e à natural humildade,
tendo em vista as realizações que devem permanecer após o seu desaparecimento
orgânico.
Por outro lado, o autodescobrimento
amadurece o ser, facultando-lhe compreender a necessidade da discrição que induz
ao crescimento interior, à plenitude.
Toda vez que alguém se promove,
chama a atenção, mas não se realiza. Pelo contrário, agrada o ego e fica
inquieto observando os competidores eventuais, pois que, em todas as pessoas
que se destacam vê inimigos, face ao próprio desequilíbrio, assim engendrando
novas técnicas para não ficar em segundo plano, não passar ao esquecimento.
O tormento se lhe faz tão pungente e
perturbador que, em determinadas áreas das artes, criou-se o brocardo: Que se fale mal de mim; mas que se fale, numa
asseveração de que a evidência lhes preenche o ego, mesmo quando é negativa.
A Psicologia Transpessoal, diante de
tal estado, propõe uma revisão dos conteúdos da personalidade, do ego,
estabelecendo, como fator essencial no processo da busca da saúde, a conquista
do ser pleno, realizador, identificando-se preexistente ao corpo e a ele
sobrevivente, sem o que a vida se lhe torna, realmente, um sofrimento inevitável.
Nas faixas da evolução mais densa,
em que estagia a grande mole humana, o sofrimento campeia, por ser uma forma
de malho e de bigorna que trabalham o indivíduo, nele insculpindo o anjo e
arrancando-lhe o demônio do primitivismo aí predominante.
Ciúme, ressentimento, inveja, ódio,
maledicência e um largo cortejo de emoções perturbadoras são os filhos diletos
do ego, que deseja dominação e, na ânsia de promover-se, nada mais logra do
que projetar a própria sombra, profundamente prejudicial, iníqua.
A superação dessa debilidade moral,
dessa imaturidade psicológica ocorrerá, quando o paciente, de início, vigiar as nascentes do coração, conforme
propôs Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, realizando um trabalho de
crescimento emocional e uma realização pessoal plenificadores.
Qualquer escamoteamento da situação
mórbida constitui risco para o comportamento, face aos perigos que são
produzidos pelos problemas do ego dominador.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
Um comentário:
Tenha uma linda semana, Beijos,
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