Psicologicamente, o homem que cultiva a
autopiedade desenvolve tormentos desnecessários que o deprimem na razão direta
em que a eles se entrega.
Reflexões
sobre dificuldades pessoais constituem fenômeno auxiliar para ações
dignificadoras, facultando a identificação dos recursos disponíveis, bem como
avaliação das atitudes que redundaram em insucesso ou desequilíbrio, a fim de
as evitar no futuro ou corrigi-las quanto antes.
Toda aprendizagem assenta-se nos
critérios do erro e do acerto, selecionando as experiências
consideradas saudáveis, benéficas, que se fixam pela natural repetição.
Desse modo, os insucessos são patamares
que propiciam avanços para que se alcancem degraus mais elevados.
Quando, porém, o indivíduo elege a
posição de vítima da vida, assumindo a lamentável condição de infelicidade,
encontra-se a um passo de perturbações emocionais graves, logo derrapando em
psicopatologias devastadoras.
A mente, conforme seja acionada pela
vontade, torna-se cárcere sombrio ou asas de libertação, e ninguém se lhe
exime à influência.
Conduzida pelos escuros corredores da
lamentação, desatrela condicionamentos que aprisionam o ser demoradamente.
Por isso mesmo, o cultivo da
autocompaixão, mediante a insistente reclamação em torno dos acontecimentos
da vida, demonstrando insatisfação sistemática, transforma-se em mecanismo
masoquista de perturbadora presença no psiquismo. A pseudo-aflição mantida
converte-se em motivo de alegria, realizando um mecanismo de valorização
pessoal, cujo desvio comportamental plenifica o ego.
Todo aquele que se faculta a
autocompaixão neurótica é portador de insegurança e de complexo de
inferioridade, que disfarça, recorrendo, inconscientemente, às transferências
da piedade por si mesmo, sem qualquer respeito pelas demais pessoas. Desenvolve
os sentimentos de indiferença pelos problemas dos outros, fechando-se no
círculo diminuto da personalidade mórbida.
No seu atormentado ponto de vista,
somente a sua é uma situação dolorosa, digna de apoio e solidariedade. E,
quando essas expressões de socorro lhe são dirigidas, reage, recusando-as, a
fim de permanecer na postura de infelicidade que o torna feliz.
Aquele que se entrega à
autocompaixão nunca se satisfaz com o que tem, com o que é, com os valores de
que dispõe e pode movimentar. Não raro, encontra-se mais bem aquinhoado do que
a maioria das pessoas no seu grupo social; no entanto, reclama e convence-se da
desdita que imagina, encarcerando-se no sofrimento e exteriorizando mal-estar à
volta, com que contamina as pessoas que o cercam ou que se lhe acercam.
Os grandes vitoriosos do mundo
lutaram com tenacidade para romper os limites, os problemas, as enfermidades,
os desafios. Não nasceram fortes; tornaram-se vigorosos no fragor das batalhas
travadas. Não se detiveram na lamentação, porque investiram na ação todo o
tempo disponível.
Quando se mantém a autocompaixão,
extermina-se o amor, não se amando, nem tampouco a ninguém.
O homem tem o dever de aprofundar
meditações em torno das aflições e dos seus problemas, a fim de os superar.
O desenvolvimento saudável do ser
psicológico impele-o à confiança e o induz à atividade para a aquisição do
sentido da vida, da sua finalidade.
Quem de si se compadece, recusa-se a
crescer e não luta, estagiando na amargura com a qual se compraz.
Fator de desintegração da
personalidade, a auto-compaixão deve ser rechaçada sempre e sem qualquer
consideração, cedendo espaço mental para os tentames que levam à vitória, à
saúde emocional e à harmonia íntima.
O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
3 comentários:
Muito interessante. Eu me lembro que na psicoterapia que fiz há anos, a minha terapeuta dava muitos toques para que eu tivesse um autocritica sobre este assunto.
Abraços
Gostei muito do texto, muito instrutivo, gosto muito do Divaldo, já fui em algumas palestras dele aqui no sul.
Linda tarde pra você!
Abçs
Mundyn
Denise. Ainda bem que coloquei seus blogs para receber atualizações!
Esse texto é excelente.Aliás,tudo do Divaldo o é.
Falo muito sobre isso na minha profissão,pois sou psicóloga.
Essa auto_piedade é um dos mais terríveis males.
Induz ao retrocesso na vida cde quem a tem e o duplo vículo que se forma na família.
Muitos fazem desse seu problema o tormento dos familares,fazendo chantagens emocionais,entre outros.
Essa é a visão científica.
Espiritualmente falando,continuam após o desencarne como "vítimas" o que nada melhora seu progresso em outr plano.
Amo seus blogs! Têm conteúdo!
Linda semana e beijos com gosto de carinho
Donetzka
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