Os jovens, permanecem com o patrimônio intelectual sem o conveniente desenvolvimento
ou, quando o realizam, derrapam para a delinquência, aplicando
os tesouros da mente na ação equivocada dos triunfos de mentira.
O esforço para ter surge com as motivações de crescimento
intelectual e compreensão
das necessidades humanas em favor da sobrevivência, da construção
da família, da distinção social, das esperanças de fruir gozos
naturais
em forma de férias e recreações, de jogos e prazeres, projetando as expectativas
para a velhice, que esperam conseguir tranquila e confortável. O ter,
passa a significar o esforço pelo conseguir, pelo amealhar, reunindo moedas
e títulos que facilitem a movimentação pelas diferentes áreas do relacionamento
humano. Essa ambição, perfeitamente justa e compreensível, de
natureza previdenciária e lógica, pode tornar-se, no entanto, o objetivo único da
existência, levando ao desespero e à insatisfação, porque a posse apenas libera
de preocupações específicas, mas não harmoniza o ser interiormente.
Não poucas vezes, o possuir faz-se acompanhar do medo de perder,
gerando receios injustificáveis e neurotizantes. O verdadeiro amadurecimento psicológico
do ser propicia-lhe visão otimista da vida, auxiliando-o a ter sem ser possuído,
em desfrutar sem escravizar-se, em dispor hoje e buscar amanhã, não
lhe constituindo motivo de aflição o receio da perda, da pobreza, porque reconhece
que tudo transita, indo e voltando, raramente permanecendo por tempo
indeterminado, já que a vida física é igualmente transitória, instável.
A verdadeira sabedoria ensina que se pode ter, sem deixar de lado o esforço
por ser auto-suficiente, equilibrado, possuidor não possuído, identificado
com os objetivos essenciais da experiência carnal, que são a imortalidade,
o progresso, o desenvolvimento de si mesmo com vistas à sua libertação
da carne, o que ocorrerá, sem qualquer dúvida, e, no momento próprio,
ao encontrar-se equipado de recursos para a harmonia. Os padrões do capitalismo
sempre impõem ter mais, enquanto que os do comunismo expõem suprir
as necessidades básicas sob a regência do Estado, que é sempre impiedoso
e sem sentimento, porque tem um caráter empresarial e nunca um sentido
de humanidade. O jovem, ainda indeciso nas atitudes a tomar, não se dá
conta do significado de ser lúcido e feliz, tendo ou deixando de ter, livre
para aspirar
o que melhor lhe apraz e realizar-se interiormente, desfrutando dos bens
da vida sem escravidão, sem alucinação.
ADOLESCÊNCIA
E VIDA
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS
Nenhum comentário:
Postar um comentário