A larga infância psicológica das criaturas é dos mais graves
problemas, na área do comportamento humano.
Habituada, a criança, a ter as suas necessidades e
anseios resolvidos, imaturamente, pelos adultos — pais, educadores, familiares,
amigos — ou atendidos pela violência do clã e da sociedade, nega-se a crescer,
evitando as responsabilidades que enfrentará.
No primeiro caso, porque tudo lhe chega às mãos de forma
fácil, dilata o período infantil, acreditando que a vida não passa de um
joguete e o seu estágio egocêntrico deve permanecer, embora a mudança de
identidade biológica, de que mal se dá conta.
Mimada, acomoda-se a exigir e ter, recusando-se o esforço
bem dirigido para a construção de uma personalidade equilibrado, capaz de
enfrentar os desafios da vida, que lhe chegam, a pouco e pouco.
Acreditando-se credora de todos os direitos, cria mecanismos
inconscientes de evasão dos deveres, reagindo a eles pelas mais variadas como
ridículas formas de atitude, nas quais demonstra a prevalência do período
infantil.
No segundo caso, sentindo-se defraudada pelo que lhe foi
oferecido com má vontade e azedume ou sistematicamente negado, a criança se
transfere de uma para outra faixa etária, sem abandonar as seqüelas da sua
castração, buscando realizar os desejos sufocados, mas, vivos, quando lhe
surja a oportunidade.
Em ambos acontecimentos, o desenvolvimento emocional não
corresponde ao físico e ao intelectual, que não são afetados pelos fenômenos
psicológicos da imaturidade.
Excepcionalmente, pode suceder que o alargamento do
período infantil, por privação dos sentimentos e pelas angústias, produza
distúrbios na saúde física como na mental, gerando dilacerações profundas,
difíceis de sanadas.
Na generalidade, porém, o que sucede são as apresentações
de adulto susceptível, medroso, instável, ciumento, que não superou a crise da infância, nela permanecendo
sob conflitos lastimáveis.
As figuras domésticas representadas pelo pai e pela mãe
permanecem em atividade emocional, no inconsciente, resolvendo os problemas ou
atemorizando o indivíduo, que se refugia em mecanismos desculpistas para não
lutar, mantendo-se distante de tudo quanto possa gerar decisão, envolvimento
responsável, enfrentamento.
Fugindo das situações que exigem definição, parte para as
formulações e comportamentos parasitas, buscando nas pessoas que considera
fortes e são elegidas como seus heróis ou seus superiores, porqüanto, tudo que
elas empreendem se apresenta coroado de êxito.
Não se dá conta da luta que travam, das renúncias e sacrifícios
que se impõem. Esta parte, não lhe interessa, ficando propositadamente
ignorada.
Como efeito cresce-lhe a área dos conflitos da personalidade,
com predominância da autocompaixão, num esforço egoísta de receber carinho e
assistência, sem a consciência da necessidade de retribuição.
Não lhe amadurecendo os sentimentos da solidariedade e do
dever, crê-se merecedor de tudo, em detrimento do esforço de ser útil ao
próximo e à comunidade, esquecendo-se das falsas necessidades para tornar-se
elemento de produção em favor do bem geral.
Instável emocionalmente, ama como fuga, buscando apoio, e
transfere para a pessoa querida as responsabilidades e preocupações que lhe são
pertinentes, tornando o vínculo afetivo insuportável para o eleito.
(continua)
Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
Um comentário:
O adiamento de uma ação necessária é entendível, não se quer enfrentar uma prova sem o devido preparo.
Postergamentos sucessivos, no entanto, têm efeito prejudicial, pois as derrotas nos permitem aferir nossas possibilidades e também são passos para se conseguir a vitória.
Por isso chega o momento em que se deve dizer: - A hora é esta!
E meter a cara.
Beijos.
Postar um comentário