Outro fator essencial ao altruísmo é a concentração
nele, sem cujo contributo a mente se desvia, abrindo brechas para que se
instalem idéias pessimistas, desanimadoras.
Centralizar o pensamento na ação altruística permite
o estabelecimento de um programa eficiente, graças ao qual se delineiam
técnicas e se logram recursos para executá-la.
A concentração amplia os horizontes enquanto
fortalece o íntimo, por facultar o intercâmbio de energias superiores que
passam a vitalizar o indivíduo, renovando-lhe as forças quando em exaurimento,
especialmente no mister altruístico.
Desacostumados aos gestos de elevação, os homens
reagem contra eles, tornando-se agressivos e ingratos, para reconhecerem os
resultados positivos só posteriormente. Essa atitude não poucas vezes desanima
as pessoas abnegadas e menos preparadas, que recuam ou desistem, porque não
buscaram o apoio da meditação e deixaram-se intoxicar pelo bafio pestilento em
expansão.
Meditando-se, percebe-se a necessidade de maior
contribuição altruística e sacrificial, compreendendo-se que a imensa carência
de amor responde pela dureza dos sentimentos, e a agressividade predominante
atesta a gravidade das doenças morais em desenvolvimento nas criaturas.
A meditação amplia a visão a respeito do mal, ao
tempo em que equipa o homem de lucidez, fornecendo-lhe os instrumentos próprios
para cuidar desse adversário cruel.
A arte da concentração é uma conquista valiosa e
demorada, que exige cultivo e exercício, a fim de responder de maneira
eficiente às necessidades emocionais do homem.
Habituado a concentrar-se nos fenômenos que decorrem
das paixões ou sensações mais fortes, tais como o desejo, o ciúme, o ódio, o
ressentimento, a sensualidade, a gula, os vícios em geral, quando se trata das
aspirações mais elevadas e sutis, o indivíduo justifica-se com escusas de que
não consegue concentrar-se, que lhe falta capacidade para deter-se no assunto,
exclusivamente por comodidade mental ou porque prefere fugir às
responsabilidades que advêm da mudança de programa.
Sem o contributo da concentração quaisquer atividades
perdem o brilho e são mal executadas. É ela que propicia o enriquecimento dos
detalhes, a visão particular e geral do empreendimento, revigorando o
indivíduo, concedendo-lhe lucidez e inspiração.
Todos os grandes realizadores devem à concentração, ao esforço e à paciência o
êxito que alcançaram. Esqueciam-se de tudo, quando fixados no propósito de algo
realizar.
Certamente, a tenacidade com que se mantinham era
resultado da experiência que se alongava no tempo, propiciando-lhes a
capacidade crescente de se afastarem mentalmente de quaisquer outros objetivos,
fixando-se na ação a que se entregavam.
A concentração ilumina o altruísmo e revigora-o nos
momentos difíceis, por facultar compreender as circunstâncias dos
acontecimentos e os problemas nos quais as pessoas se emaranham. Capacita-o com
energia especial e irradia-se em ondas de bem-estar, que impregnam todos
quantos se aproximam da pessoa que a exercita. E quanto mais o faz, tanto maior
se lhe torna a capacidade de exteriorização. É, portanto, essencial ao
altruísmo, propiciando a anulação das causas do sofrimento, por facultar a
vigência dos sentimentos elevados da vida em plena realização do bem.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
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