Há indivíduos que dispõem de somas consideráveis,
prestigio social, fama e inteligência, graças aos quais adquirem o que lhes
apraz, viajam para onde desejam, relacionam-se com os mais diferentes
indivíduos e, não obstante, são atormentados pelo vazio, pelo tédio, pela
insatisfação, fortes causas de sofrimento.
Invariavelmente as pessoas colocam os acontecimentos
e interesses fora de sua realidade, no mundo exterior, passando a considerá-los
a fonte dos sofrimentos ou dos gozos, conforme conseguem fruí-los ou não.
Todavia, a questão é mais profunda e pertinente à sua vida íntima. Não havendo
um real significado interior, o aparente sentido que demonstram perde-se tão
logo sejam conseguidos. Nisso reside a maior soma de frustrações e de
insatisfações que causam sofrimentos.
Algo vale somente quando inspira o mesmo sentido para
todas as pessoas, que projetam as suas necessidades íntimas e aspirações
legítimas na sua conquista.
Os lugares belos, as cidades ricas e cosmopolitas que
a uns indivíduos causam impacto, provocando o desejo incomum de aí ficarem,
noutros despertam mal-estar, desconforto e desagrado. Ilhas paradisíacas e
refúgios de oração que a uns fascinam, a outros causam sensações
desencontradas, angústias e desesperos insuportáveis. Vestuários luxuosos e
jóias cobiçadas, que aumentam a cupidez em alguns, noutros não conseguem a
sensibilização, não lhes geram qualquer interesse, nem qualquer sofrimento, por
não possuí-los.
A
busca da realidade, do Eu, deve partir de uma análise profunda e interna das
necessidades legítimas da vida, jamais da preferência de adornos, objetos e
situações, que destacam o ego e perturbam-no, tornando-o jactancioso,
prepotente ou, na sua falta, magoado, ressentido, receoso...
Primeiro,
é necessário adquirir um estado de espírito de paz, para passar por tudo sem
ater-se a nada.
A
chama que clareia exteriormente projeta luz, mas faz sombra; enquanto a que se
manifesta do interior, irradia-se por igual em todas as direções, sem gerar
qualquer escuridão.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem:google
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