Na busca incessante do prazer, o homem transfere-se,
exteriormente, de uma para outra sensação, sem dar-se conta de que o
desequilíbrio gerador de ansiedade é responsável pelo sofrimento que o aturde,
ameaçando-o de desespero cruel. Enquanto não se resolva por selecionar os
valores reais daqueles aos quais atribui significado e que são apenas
fogos-fátuos, terá dificuldade em afirmar-se e seguir uma diretriz propiciadora
de paz.
Vivendo sob a injunção de uma máquina, que lhe impõe
necessidades a serem atendidas e o predispõe a falsas necessidades
perturbadoras, ele opta pelas últimas, que são produto das sensações do ego
dominador, empurrando-o para as aspirações mais grosseiras, em detrimento
daqueloutras sutis e enobrecedoras, que adquirem resistência na renúncia, no
esforço elevado, na abnegação, no cultivo da vida interior, no domínio da
matéria pelo espírito.
O corpo deve ser considerado um instrumento
transitório para o ser eterno, temporariamente um santuário, face à finalidade
edificante de propiciar à alma a sua ascensão, mediante as experiências
iluminativas que faculta, nos aspectos moral, espiritual, intelectual, pelo
exercício das virtudes que devem ser postas em prática, e jamais para
atendimento das sensações que lhe caracterizam a constituição molecular.
Certamente, aqui não cabe também o comportamento
asceta, alienador, que fomenta a fuga da realidade aparente, porquanto, o
importante é a vida mental modeladora da física. Pode-se mudar de lugar sem
alterar a conduta, vivendo-se um estado exterior e outro íntimo. Pela falta de
sintonia entre as duas formas de vida, surge a desagregação do indivíduo, com
aparecimento de neuroses e psicoses devastadoras, impondo sofrimentos que
poderiam ser evitados, caso se permitisse uma melhor compreensão das
finalidades existenciais.
O exame racional e lúcido das necessidades legítimas
faculta o direcionamento saudável, com as compensações da harmonia íntima e do
equilíbrio emocional.
A ambição desmedida pelas coisas, divertimentos e
gozos nunca preenche os espaços do prazer, pelo contrário, frustram aqueles que
lhe tombam nas armadilhas.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
Um comentário:
Querida amiga Denise
Muito da dor
que sentimos hoje,
está no fato de colocarmos
o prazer no limite
que a alma não pode alcançar,
mas que o corpo pode facilmente
se perder...
Que estrelas brilhem em tuas noites.
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